Especialistas
ensinam como fazer para que o dinheiro seja um problema a menos para resolver
durante a crise emocional
O momento do divórcio já não é dos mais fáceis de lidar.
Raiva, amor, esperança, vingança e outros tantos sentimentos se misturam em um
enorme balaio – fica difícil até de discernir qual emoção é de quem. Além da
guarda dos filhos, dos livros, dos móveis e tudo o mais, tem o dinheiro – as
dívidas, os investimentos, os bens e tudo que sobrou da antiga união.
Fácil nunca é, mas quando o casal decide pela separação em
comum acordo, o processo tende a ser menos tumultuado. A psicóloga e consultora
Regina Silva, do Gyraser Centro de Desenvolvimento, explica que quando o casal
já está pronto para se despedir emocionalmente, a questão financeira é um mero
detalhe. “Se for consensual, a dupla consegue sentar, conversar, aparar as
arestas, e fica tudo certo. O duro é
quando um dos dois não quer o fim da relação.”
Nesse caso, tem gente que usa artifícios de todos os tipos
para manter ou destruir a relação – até mesmo o que Regina chama de “bullying
financeiro”. “Já atendi casos de pessoas que estavam se endividando para que o
parceiro não fosse embora. Também há aqueles que não querem assumir a
responsabilidade do divórcio e transformam a vida do parceiro em um inferno
usando o dinheiro como arma”, explica.
Por outro lado, há aqueles que, pressionados demais,
entregam o que devem e o que não devem: deixam carro, casa, bens e
investimentos nas mãos do parceiro para evitar conflitos. “A pessoa acaba
pagando pela liberdade”, explica a psicóloga.
De um jeito ou de outro, o fato é que por negociação ou por
vias judiciais, os bens serão divididos. A diferença fica por conta do tamanho
do desgaste – e do tempo que vai levar até que a solução chegue.
1. Tente a solução amigável com todas as suas forças
Exatamente por isso, esse é o primeiro conselho do consultor financeiro
Conrado Navarro. Evitar o assunto logo que a decisão for tomada pode ser pior
do que encarar o assunto espinhoso de cara. “Aguardar o processo jurídico todo
acaba gerando um desgaste maior ainda”, comenta.
Mais que isso, sob os olhos do juiz, os bens serão apenas cifras, sem
nenhuma emoção agregada. “Uma decisão na justiça vai ser exclusivamente
racional, vai dividir os bens sem considerar preferências de cada um nem
qualquer outra variável”, reitera Conrado. “A decisão pela liquidação dos bens
é um caminho comum e nem sempre o mais interessante para ambos.”
2. Façam um inventário do que
têm (sejam bens, investimentos ou dívidas)
Listem o que há de dívidas, investimentos e bens
adquiridos após o casamento. No caso dos bens, uma boa saída é colocá-los no
nome dos dependentes. Assim, caso um fique com o usufruto da casa, por exemplo,
o dono do imóvel fica claramente definido – e o usufruto é apenas temporário.
“Assim não fica aquela sensação de que você está abrindo mão de algo que também
é seu para o outro”, sugere.
As dívidas também devem ganhar um responsável, de forma
que o pagamento não dependa de depósitos mensais de uma das partes.
3. Faça um orçamento para os
gastos dos filhos
Exatamente por isso que o orçamento para a criança deve ser previamente
estabelecido e o depósito deve ser mensal. Navarro explica que dividir as
contas, um paga escola outro as roupas, por exemplo, dá margem para discursos
sexistas e criam modelos fatalmente injustos. “Isso acaba influenciando a
formação da criança,”
4. Separe a conta conjunta imediatamente
Não é só o perigo de o cônjuge raspar a conta bancária – é também uma
questão de praticidade. “Uma vez decidido e sacramentada a opção do divórcio,
melhor separar imediatamente as contas antes que essa vire mais uma arma no
processo de separação”, sinaliza o consultor.
5. Esqueça as regras
Cada casal vai descobrir a melhor forma de lidar com todas
as pendências emocionais e financeiras. Sugestões ajudam a nortear o caminho
mas com a mesma cumplicidade que se juntaram, busquem se separar – por mais
difícil que pareça. “Não existe regra nenhuma, mas é preciso debater o assunto
com respeito e na hora certa.”
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