Lula
questiona conivência em fuga inédita de presídio federal no RN
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste
domingo (18) que a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró,
no Rio Grande do Norte, na última quarta-feira (14), pode ter contado com a
conivência de alguém que trabalhava no sistema penitenciário. Ele disse que
espera que as investigações da Polícia Federal esclareçam o que aconteceu no
presídio de segurança máxima, de onde nunca havia ocorrido uma fuga.
“Eu não quero acusar, mas,
teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro.
Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma
investigação [que] está sendo feita pela polícia local, pela Polícia Federal,
nos indique, amanhã ou depois de amanhã, o que aconteceu no presídio de
Mossoró”, declarou Lula durante coletiva de imprensa em Adis Abeba, capital da
Etiópia, onde participou neste sábado (17) da 37ª Cúpula da União Africana.
Os fugitivos são Deibson
Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, ligados à facção criminosa
Comando Vermelho. Eles escaparam por um buraco cavado na cela, que dava acesso
ao pátio externo do presídio. A fuga só foi percebida na manhã seguinte, durante
a contagem dos presos. Os dois continuam foragidos e são procurados pelas
forças de segurança do estado.
Lula destacou que o
ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já determinou a apuração se houve a
participação de alguém que trabalhava no presídio. Ele afirmou esperar que os
presos sejam capturados. “Obviamente que nós queremos saber como é que esses cidadãos
cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira”,
ironizou o petista.
O presidente disse ainda
que pode ter havido um “relaxamento”, que possibilitou a fuga dos detentos. Ele
lembrou que o sistema penitenciário federal foi criado em seu governo, em 2006,
após a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo.
Segundo ele, o objetivo era isolar os líderes das facções criminosas e impedir
que eles continuassem a comandar o crime organizado de dentro das prisões.
“O sistema penitenciário
federal foi criado para ser um sistema de segurança máxima, onde os presos não
tivessem nenhum tipo de comunicação com o mundo exterior. E, portanto, não
pudessem dar ordens para que o crime organizado continuasse a funcionar. E, até
então, nós não tínhamos tido nenhum problema”, afirmou Lula.
O presidente disse que
espera que o episódio de Mossoró seja um “caso isolado” e que não se repita em
outras unidades do sistema penitenciário federal, que conta com cinco presídios
no país, localizados em Brasília, Campo Grande, Catanduvas, Mossoró e Porto
Velho.
Fonte: G1
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