4 mitos sobre a sexualidade em que as pessoas acreditaram por muito
tempo
Hoje, sabemos que o corpo humano é uma máquina complexa
capaz de exercer as mais diversas funções. Mas logicamente todo o conhecimento
que temos sobre a anatomia humana não veio junto com o surgimento da
humanidade, levando milhares de anos para que realmente entendêssemos quais
eram as reais funções de certas partes do corpo.
Porém, se você tivesse nascido há muitos anos atrás,
estaria mais do que certo de que os testículos têm uma relação direta com a voz
masculina, que o clitóris não existe e que o útero é um órgão capaz de sair do
lugar e dar voltas pelo corpo. Duvida? Então confira abaixo os mitos sobre a
sexualidade nos quais as pessoas acreditaram por muito tempo:
Mito 1: O clitóris não existe
Se pararmos para pensar, um simples exame é capaz
comprovar a existência do clitóris. Mas por mais incrível que pareça, a
existência dessa pequena parte do corpo feminino foi motivo de debate entre a
comunidade científica por centenas de anos. Os gregos, por exemplo, acreditavam
que todo ato sexual requeria penetração. Esse pensamento os levou a supor que
as lésbicas teriam clitóris gigantes, ou pelo menos grandes o suficiente para
penetrar outra mulher.
Bem, logicamente os gregos estavam equivocados, mas eles
não negavam a existência do clitóris. Diferentemente de Andreas Vesalius, um
anatomista belga que declarou na década de 1500 que o órgão simplesmente não
existia. Vale notar que Vesalius era médico e certamente já teria analisado um
número suficiente de mulheres para se certificar de que o clitóris não era uma
mera invenção.
De qualquer maneira, para justificar sua afirmação, o
anatomista assumiu que todas as mulheres que tinham um clitóris eram, na
verdade, hermafroditas dotadas de um pequeno pênis, já que as mulheres “normais
e saudáveis” não apresentavam a mesma anatomia.
A verdade por trás de toda a campanha anticlitoriana
levantada pelo profissional é que ele tinha uma teoria de que os genitais
masculinos e femininos eram o oposto um do outro: o pênis seria o inverso da
vagina e os testículos seriam o contrário dos ovários. O problema é que os
homens não apresentavam nenhuma estrutura que pudesse se opor ao clitóris,
então, em vez de admitir que havia um furo na teoria, Vesalius preferiu
acreditar que todas as mulheres que tinham o órgão possuíam anomalias
genéticas.
Mito 2: Os testículos estão
relacionados à voz
Desde cedo os gregos já haviam desvendado as funções dos
testículos no corpo masculino. Mas não contentes em saber que esses órgãos
tinham um papel fundamental na reprodução humana, eles resolveram achar mais
uma função para essa parte do corpo.
Aristóteles acreditava que os testículos eram pesos que
estavam diretamente conectados às cordas vocais através dos vasos sanguíneos.
Sua teoria defendia que, com a chegada da puberdade e o início da produção de
esperma, os testículos desceriam e isso causaria uma tensão nas cordas vocais,
fazendo com que a voz do menino engrossasse.
Por sorte, os gregos ainda tinham uma maneira de
comprovar a teoria do filósofo, afinal a castração era comum na cultura grega.
Dessa maneira, eles perceberam que a voz de um garoto castrado se mantinha
inalterada já que ele não teria os testículos agindo como peso nas cordas
vocais. Esse fato comprovaria a teoria de Aristóteles, mas, para o bem da
humanidade, essa ideia foi refutada posteriormente.
Mito 3: O terceiro mamilo é uma
marca do diabo
Hoje a ciência sabe que uma em cada 18 pessoas tem um
terceiro mamilo, que pode ter o aspecto visual de uma pinta ou uma marca de
nascença. Mas, se personalidades como a cantora Lily Allen e
o ator Mark Wahlberg tivessem nascido em outra época,
provavelmente eles não estariam vivos para saber que não há nada de errado em
nascer com um mamilo a mais.
Acontece que, na Idade Média, as pessoas associavam os
mamilos extras e outras marcas de nascença a coisas bem sinistras. Os homens
daquele tempo acreditavam que as mulheres que vagavam durante a noite estavam
esperando uma oportunidade para fazer um pacto com o diabo. Quando o suposto
pacto era feito, o diabo deixava uma marca no corpo da mulher, que poderia ser
uma mancha de nascença, u ma pinta ou um terceiro mamilo.
Esqueça os caldeirões e as asas de morcego: se uma mulher
fosse acusada de bruxaria, ela seria despida e qualquer uma dessas marcas seria
considerada uma prova suficiente para que ela fosse condenada a morrer na
fogueira.
Mito 4: O útero é capaz de dar voltas pelo corpo
Mais uma
vez, o que está por trás desse mito é a curiosidade e a criatividade dos
gregos. Afinal, eles sabiam que o útero era um órgão exclusivo do corpo
feminino, o que os fez deduzir que ele fosse o responsável pela diferença do
comportamento dos gêneros. Além disso, os gregos entendiam que o útero servia para
abrigar o bebê durante a gravidez, mas ficavam se perguntando o que acontecia
quando o órgão estava vazio.
Foi a partir
daí que eles desenvolveram uma teoria de que o útero de uma mulher que não
estava grávida podia sair do lugar e dar voltas por todo o corpo. Só que existe
um lado negativo nessa ideia, que prega que o útero sairia causando danos aos
outros órgãos e essa seria a explicação para as variações de humor das
mulheres.
Os efeitos
causados pelo útero vagante receberam o nome de “histeria” e essa teoria se
manteve até o Renascimento. Qualquer doença que acometesse uma mulher – fosse
cólica, depressão ou o que mais pudermos imaginar –, o diagnóstico seria sempre
histeria. Mesmo depois dos médicos concluírem que nenhum órgão é capaz de sair
do lugar, o conceito da histeria feminina se manteve e ainda no século 20 as
mulheres ouviriam que o que estava por trás de seus “problemas femininos” era
um útero desordenado.
Curiosamente,
no final da década de 1800 a principal prescrição para as mulheres que
supostamente sofriam de histeria era o orgasmo, que costumava a ser alcançado
através de jatos de água, vibradores ou com a assistência dos médicos.
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